O corpo humano fornece, todos os dias, diversos sinais de como tudo está funcionando por dentro. Alguns necessitam de análises mais complexas, como um exame de sangue. Mas há um sinal que podemos monitorar diversas vezes ao dia, apenas com um olhar rápido: o xixi.
Ele é composto principalmente por água, mas também carrega alguns materiais em excesso para fora do corpo -aquilo que nosso organismo já utilizou ou não vai utilizar. Os rins podem produzir de 1,5 a 2 litros de urina por dia com a eliminação de toxinas.
“É quase um espelho do que está acontecendo no nosso corpo, do ponto de vista médico”, explica a médica Lilian Fiorelli, especialista em uroginecologia.
Uma mudança fácil de perceber na urina é se estamos ou não bebendo água o suficiente. A cor padrão do xixi é um amarelo claro, mas não totalmente transparente -ela indica a presença de bastante água, suficiente para diluir os resíduos do metabolismo que estão sendo eliminados.
Quando a cor começa a escurecer e o líquido começa a ficar turvo, é um alerta de que o corpo precisa de mais hidratação. Com falta de água, o amarelo se transforma em laranja, e começa a ficar marrom em casos de desidratação grave.
Mas nem sempre o xixi sai em tons de amarelo. Quando outras cores começam a aparecer no vaso sanitário, é importante pensar na alimentação. “Alimentos como a beterraba podem deixar a urina mais rosa, enquanto cúrcuma e abóbora deixam a urina um pouco mais escura”, conta a uroginecologista.
Os pigmentos naturais e os corantes artificiais nas bebidas e comidas também são eliminados do corpo através da uretra, transformando a cor do xixi.
Se a coloração mudou e a pessoa não se lembra de ter ingerido nada com cores fortes, é hora de pensar nos remédios. “Existem medicações que podem alterar a cor”, diz Lilian. Corantes utilizados em algumas fórmulas, como o azul de metileno, também podem ir parar no vaso. Consultar um médico ou ler a bula dos remédios que costuma usar é importante para evitar um susto na hora de ir ao banheiro.
Também não é apenas a cor que indica que algo está errado. Em alguns casos, é comum aparecer espuma ou efervescência em jatos fortes de xixi. Isso corre quando o organismo está eliminando proteína.
CASOS DE DOENÇA DA URINA PRETA CRESCEM NO PAÍS
A doença da urina preta (oficialmente chamada doença de Haff) preocupa brasileiros que residem ou visitam áreas litorâneas, pois é causada por uma toxina encontrada em frutos do mar.
Em 2021, casos foram identificados no Amazonas, Bahia, Ceará e Pará. O nome é autoexplicativo: a toxina escurece a urina, mas também causa dores musculares e problemas no rim, podendo levar à morte.
“Uma cor mais rosa ou vermelha pode estar vinculada a um sangramento, geralmente causado por infecções, pedra no rim ou até alguma lesão”, explica a médica Lilian Fiorelli, especialista em uroginecologia. “Este sangue é um sinal de alerta, e mesmo que melhore no dia seguinte.”
Segundo a nefropediatra Simone Vieira, alguns indicadores, além da aparência, levantam a necessidade de procurar um médico: mudanças na quantidade de xixi, ardência ao urinar, e dores na bexiga.
Embora a confirmação ou descarte de uma doença só venha de fato com o exame de urina, qualquer alteração que não passe mesmo após beber bastante água deve ser comunicada a um médico. Lilian Fiorelli também explica por que não subestimar o teste.
“O exame de urina é extremamente rico. Por ele podemos avaliar diabetes, alterações renais, a presença de bactérias, a quantidade de leucócitos”, lista. “Podemos até descobrir se o paciente tem condição de dar uma resposta imune [à doença] ou não.”
Fonte: FOLHAPRESS
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